terça-feira, 24 de fevereiro de 2015


"O dia..."

   O dia hoje está tão bonito lá fora. Uma felicidade um tanto triste, um tanto bucólica e urbana, não sei, mas parece haver felicidade nessa tristeza. Como se pudesse ouvir uma viola caipira ao lado de sons de violoncelos, uma valsa do sertão.

   Sei lá... Mas hoje amanheceu tão calmo, que parece que nem a ira de Titãs poderá me enfraquecer. Não é vontade de lutar, de guerrear, de correr atrás do sonhos, não se trata disso. É apenas vontade de deixar o rio seguir seu fluxo, nunca serão a mesmas águas e eu nunca serei o mesmo, mas será sempre o mesmo rio ou sempre será água e eu sempre serei eu e foda-se os pré-socráticos.

   Com o tempo a alma se acalma e nós passamos a corresponder tal calma.


domingo, 28 de dezembro de 2014

" No contrário seria a mesma."


A última vez que vi meus olhos no espelho eles estavam úmidos, minhas mãos... Estas se encontravam tão cansadas de dizer adeus que doía até pra pegar a caneta. A gente cria e cuida de amigos, amores, um por um, até partirem, ou então a gente mesmo é quem parte.

Quantos cigarros viraram cinzas enquanto meu pensamento voava solto, tão solto e livre que resolveu se prender a ti, guria, justo tu, logo tu que nunca tivera amor pra contar com um riso no rosto, não que eu saiba dos teus amores. Logo tu que eu sabia que poderia ferir, tão bem, esse peito já calejado, mas a cada ferida que pudera se talhar em mim eu sei que encontraria a cura nesse teu riso de moleque levado, nesse teu olho de curiosidade de criança que futrica em tudo que vê. Talvez tu seja a ferida e a cicatriz, talvez sejas tu a dor que me deixa mais feliz.

Eu poderia mui bem deixar minha prosa pra outra hora, enquanto tu dormia, poderia queimar o papel velho no qual escrevo, nesse lugar tão caótico quem se importaria com um poeta, um tanto desvairado, um tanto lúcido, com seus poemas fajutos que dizem algo a nada, como eu!? 

Talvez em um sonho, na utopia do meu querer, eu poderia te ter, não como algo definível, como tantos outros amores aos quais eu deixei um adeus, ou deixei a Deus. Por ti, guria, sonharia com um tempo imóvel, um eterno agora.

Dessa vez optei não queimar os versos, mas fazê-los incendiar. 

sábado, 10 de maio de 2014



"Somos iguai perante o mesmo erro."

    Eu sou aquele pedaço de carne podre que seca nas tábuas dos teus mandamentos, aquele ignorante que recita poesia, aquele verme que corrói teu fígado, pulmão, neurônios e alma, sou aquele rato que descansa no porões escuros e sombrios, eu sou aquele fedor que assola as narinas do mundo inteiro, sou aquele sem coração, sem total bondade, sem sensibilidade e sem amor, aquele de demogogias baratas e inconvincentes, aquele com um rosto deformado atrás de toda maquiagem soldada no meu rosto, mas sou real, sincero e de verdade e pobre de vocês, meros inocentes, que acreditam que são diferentes de mim.

quinta-feira, 1 de maio de 2014


     " Ao meu amado país. "
   

    Eu posso ter que que comer o pão que o diabo amassou, nas grades do inferno, mas não compactuo com teus ideais de alma suja, com tua luta e ganância que só vão em direção ao teu umbigo, essa tua umbilical atada à sujeira pueril das coisas más, eu não sou teu consanguíneo e não bombeio sangue nesse teu coração maldito, não lhe farei bem, te matarei com tua própria espada, maculada pela alma de inocentes e prazeres gozados por grandes excelências deploráveis.

    Assim, como comerei o pão que o diabo amassou, um dia me fartarei do belo bacon frito dos teus espíritos de porco.

terça-feira, 22 de abril de 2014




    O que a gente faz quando a gente é pequeno frente a algo maior? A gente luta, damos nosso sangue à prova, lutamos pelos ideais perdidos, vamos mudar o mundo, já estamos mudando, vamos vencer, mesmo sem um pódio, sem medalhas no peito, nossa luta é o que nos basta.

    Lutamos por amor, não aquele amor banal, mas aquele amor perdido nessa hera perdida, aquela paixão por fazer algo melhor, por fazer brotar sorrisos nos rostos das nossas crianças de almas oprimidas, somos maiores que nós mesmos, somos detentores de nossos punhos e vamos mandá-los nas caras dos porcos que quiserem destruir o que buscamos, já beberam demais nosso sangue, em suas taças de cristal, mas não sugaram o que pensamos e o que idealizamos, a podridão é maior do que se imagina, e vamos detonar tudo e fazer renascer algo melhor, nossos corações estão à frente da batalha. 

Morrer tentando, é morrer ganhando.

sábado, 19 de abril de 2014



       "Meu sonho com você."




    Eu comecei a te gostar, não sei quando e nem porquê, mas que eu te gosto isso é verdade, comecei a gostar do jeito que você sorrir, do jeito que você debocha e tira graça da vida, gostei do teu gosto parecido com o meu, do jeito que você anda, como quem não quer nada, gostei dos seus planos para seu futuro, você sabe o que quer e sabe querer, te gostei pelo teu jeito distraído e descontraído de ser, do seu jeito de se pagar às pequenas coisas, uma frase, uma música ou vídeo qualquer, gostei do tom da tua pele, dos seus olhos puxados.

    E essa noite sonhei com você, acordei assustado, nem sabia ao certo o que havia, sabia que havia você e eu, pensei ser um sonho ruim, mas era bom, eu acho, mas com certeza era bom, eu só sei que acordei, no meio de uma dessas madrugadas, com uma vontade danada de te abraçar e te querer bem, talvez o sonho tenha sido só para me lembrar de você, e, veja só, conseguiu, porque agora, cá estou eu, segurando meu coração na mão de tanta vontade de te ter perto.

    Lembrei que te gosto guria, e escrevi para, apenas, que saiba disso, lembrei que te gosto e não quero nunca esquecer.

domingo, 13 de abril de 2014




 "Minhas vozes, meu veneno."





    Existem vozes dentro de mim que gritam e ensurdecem meus ouvidos, eu sinto o sangue fresco me queimar por dentro e sinto seu gosto amargo na boca, parece veneno, o veneno das minhas entranhas, a saliva grossa e salgada são pedaços do meu fígado que vêm à minha boca e eu os mastigo e os retorno ao meu corpo, eu jamais jogarei a minha podridão envenenada aos outros, eu não sei cuspir as minhas entranhas.

    Meu veneno eu guardo a mim mesmo, mato-me aos poucos, um lento e sangrento suicídio, uma macabra procissão, a estrada da minha própria destruição.