"Ah! A existência intangível do amor."
Eu não sei que prazer mórbido é esse, que cada vez mais se perpetua em mim, um prazer de estar no frio e deixar-se congelar, de sentir um amor tangível e em insistir em suicidá-lo. Dizem que viver é para quem pode não para quem quer, não posso e nem quero, é uma questão de cólera imensurável, é como se eu me afogasse na mais límpida água, insistindo em sentir sede, assim afogo-me nesse amor.
Não sei
amar, ninguém sabe, não gosto de generalizar, mas se eu falasse que alguém o
sabe, seria como falar que os contos de fadas são baseados em fatos reais, o
amor é nada se não uma fantasia que se impregna em nossa alma, nos usando como
cães farejadores, eu farejo em cada canto um pedaço disso que dizem ser amor, mas
continuo em passos retrógrados que me levam sempre ao mesmo lugar, eu ando em
círculos e mesmo sabendo continuo a correr até meu ultimo suspiro me fazer
pensar.
O amor é um
atalho que deveria ser rota principal, ele leva aos lugares mais recônditos
estando ao nosso lado, ele é aquela cratera que se abre no peito não para
ferir, sim para abrir espaço para mais um coração, ele é aquele solo de
guitarra que sangra meus dedos, mas que insisto em fazê-lo para ouvir sua melodia
mais uma vez, ele é o “só” que espera o “nós”, é um planeta – sem chão, sem
vida - abstrato à terra, que se nutre em nossa psique, ele é a nada que se faz
necessário, ele é o irreal que se faz plausível às mãos do vento e aos olhos d’alma.
O amor é uma
coisa de loucos, mas prefiro louco a dois a sensato a só.
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