terça-feira, 23 de julho de 2013



                      Esse é o fim, não é?

    E no final tudo é dor, você acaba numa carcaça destruída, onde sua alma insisti em fazer morada, já que toda sua juventude lhe foi arrancada à força, você nem viu, mas os anos passaram, foi rápido, não é?
Você perde muita coisa pelos caminhos em que escolhe caminhar, e no final, você acaba ali naquele corpo obsoleto onde até tentar lembrar dos antigos tempos dói, mas não desiste, prefere andar como uma sombra cheia de escombros impregnados em si, por que não abandonar tudo e se incendiar de vez, ao invés de ficar opaco?

    No final, você se encontra sem ninguém, onde está os amigos de antigamente e toda aquela vitalidade jovem? Tudo se foi, parece que a história é escrita a giz, e qualquer sopro leva um punhado da literatura dos dias.

    Você tenta se apegar a qualquer lembrança, onde foi parar aquela guria a quem tanto amava? Onde perdi aqueles arranjos, guitarra e as letras? tudo parece perder o sentido, e se encontrar no fim de um poço fundo é uma dor que dilacera a alma com uma navalha afiada e envenenada, e qualquer memória é um estalo, é um tiro contra a alma - que já sangra descontroladamente.

    Você tenta não fazer planos, mas e os planos feitos em outrora? tudo se resumia em ser feliz, mas o planejado não saiu como o esperado.

    Hoje as drogas já não fazem mais efeito, não é? Seu corpo sente dificuldade até em respirar. A musica já não te faz pulsar, não é? Os sons do coração batendo incessantemente já é suficiente.

   Você tem tantos arrependimentos, de ter deixado amigos irem, de ter deixado o aconchego da casa dos pais, de interpretar um papel errado durante toda a vida, você nem chora mais, não é? Sabes que ninguém virá te consolar.

   De todos os deuses o Tempo é o mais cruel, ele deixar você entrar da festa, te dá a guria mais linda para valsar, mas na hora do beijo, a música acaba e sua dama lhe é tirada com a leveza de uma folha no vendaval, ele te dá uma chace e vários caminhos, mas você sabes bem que todos lhe levarão a um só destino, a caminhada é diferente, mas no final todos acabam como um baú, das memórias e recordações, e não adianta fazer birra, é chegada a hora.

    Quando você se olhar no espelho... Quem é você? Nem se reconhece mais, a mente começa a ter espasmos, é melhor mesmo não recordar.  "Quem é esse ser nostálgico com lagrimas nesses globos quase ocos? Eu não sou assim! " você quer pegar o Tempo pelo colarinho e socar-lhe a cara, mas quem é você? 

    Seus músculos estão enferrujados, quando o Tempo lhe deu a fúria e o ódio para o confrontar, ele lhe roubou as forças para brigar, e você se olha e num misto de resmungos e clamores brada, " Eu quero minha juventude, eu quero meus amigos, e quero aquela guria de volta, não me abandone, não me deixe só, eu quero o que me roubaram! " Mas não adianta, não é? O Tempo é soberano e cruel, você nunca terá outra chance.

   E ao final, depois de definhar até o ultimo suspiro vital, depois de perder quase que completamente o brilho e ficar opaco por completo, você queima como uma minúscula imensurável fagulha de luz, você alça voo nas asas de um passarinho, sem destino certo, o Tempo põe fim à dor, e ao alçar voo você deixa algo além de uma carcaça de carniça esbranquiçada e podre, fica uma vida feita nos solos em que andou.
Você correu para descansar, nunca imaginou como fosse passar depressa, foi rápido como um estalar de dois beijos, como um piscar de olhos dividindo você e o mundo, como um bater de asas do beija-flor, foi tão fugaz e efêmero, foi tão intenso e útil que o espetáculo poderia ter reprise, não é? Mas no final você conseguiu, não foi? Não sabe? O objetivo é andar e chegar ao final, somos lançados ao acaso, onde o começo e o final é um só, a trama é a mesma o que muda é o texto os personagens e a peça.

    No final, você sou eu.