domingo, 28 de dezembro de 2014

" No contrário seria a mesma."


A última vez que vi meus olhos no espelho eles estavam úmidos, minhas mãos... Estas se encontravam tão cansadas de dizer adeus que doía até pra pegar a caneta. A gente cria e cuida de amigos, amores, um por um, até partirem, ou então a gente mesmo é quem parte.

Quantos cigarros viraram cinzas enquanto meu pensamento voava solto, tão solto e livre que resolveu se prender a ti, guria, justo tu, logo tu que nunca tivera amor pra contar com um riso no rosto, não que eu saiba dos teus amores. Logo tu que eu sabia que poderia ferir, tão bem, esse peito já calejado, mas a cada ferida que pudera se talhar em mim eu sei que encontraria a cura nesse teu riso de moleque levado, nesse teu olho de curiosidade de criança que futrica em tudo que vê. Talvez tu seja a ferida e a cicatriz, talvez sejas tu a dor que me deixa mais feliz.

Eu poderia mui bem deixar minha prosa pra outra hora, enquanto tu dormia, poderia queimar o papel velho no qual escrevo, nesse lugar tão caótico quem se importaria com um poeta, um tanto desvairado, um tanto lúcido, com seus poemas fajutos que dizem algo a nada, como eu!? 

Talvez em um sonho, na utopia do meu querer, eu poderia te ter, não como algo definível, como tantos outros amores aos quais eu deixei um adeus, ou deixei a Deus. Por ti, guria, sonharia com um tempo imóvel, um eterno agora.

Dessa vez optei não queimar os versos, mas fazê-los incendiar. 

sábado, 10 de maio de 2014



"Somos iguai perante o mesmo erro."

    Eu sou aquele pedaço de carne podre que seca nas tábuas dos teus mandamentos, aquele ignorante que recita poesia, aquele verme que corrói teu fígado, pulmão, neurônios e alma, sou aquele rato que descansa no porões escuros e sombrios, eu sou aquele fedor que assola as narinas do mundo inteiro, sou aquele sem coração, sem total bondade, sem sensibilidade e sem amor, aquele de demogogias baratas e inconvincentes, aquele com um rosto deformado atrás de toda maquiagem soldada no meu rosto, mas sou real, sincero e de verdade e pobre de vocês, meros inocentes, que acreditam que são diferentes de mim.

quinta-feira, 1 de maio de 2014


     " Ao meu amado país. "
   

    Eu posso ter que que comer o pão que o diabo amassou, nas grades do inferno, mas não compactuo com teus ideais de alma suja, com tua luta e ganância que só vão em direção ao teu umbigo, essa tua umbilical atada à sujeira pueril das coisas más, eu não sou teu consanguíneo e não bombeio sangue nesse teu coração maldito, não lhe farei bem, te matarei com tua própria espada, maculada pela alma de inocentes e prazeres gozados por grandes excelências deploráveis.

    Assim, como comerei o pão que o diabo amassou, um dia me fartarei do belo bacon frito dos teus espíritos de porco.

terça-feira, 22 de abril de 2014




    O que a gente faz quando a gente é pequeno frente a algo maior? A gente luta, damos nosso sangue à prova, lutamos pelos ideais perdidos, vamos mudar o mundo, já estamos mudando, vamos vencer, mesmo sem um pódio, sem medalhas no peito, nossa luta é o que nos basta.

    Lutamos por amor, não aquele amor banal, mas aquele amor perdido nessa hera perdida, aquela paixão por fazer algo melhor, por fazer brotar sorrisos nos rostos das nossas crianças de almas oprimidas, somos maiores que nós mesmos, somos detentores de nossos punhos e vamos mandá-los nas caras dos porcos que quiserem destruir o que buscamos, já beberam demais nosso sangue, em suas taças de cristal, mas não sugaram o que pensamos e o que idealizamos, a podridão é maior do que se imagina, e vamos detonar tudo e fazer renascer algo melhor, nossos corações estão à frente da batalha. 

Morrer tentando, é morrer ganhando.

sábado, 19 de abril de 2014



       "Meu sonho com você."




    Eu comecei a te gostar, não sei quando e nem porquê, mas que eu te gosto isso é verdade, comecei a gostar do jeito que você sorrir, do jeito que você debocha e tira graça da vida, gostei do teu gosto parecido com o meu, do jeito que você anda, como quem não quer nada, gostei dos seus planos para seu futuro, você sabe o que quer e sabe querer, te gostei pelo teu jeito distraído e descontraído de ser, do seu jeito de se pagar às pequenas coisas, uma frase, uma música ou vídeo qualquer, gostei do tom da tua pele, dos seus olhos puxados.

    E essa noite sonhei com você, acordei assustado, nem sabia ao certo o que havia, sabia que havia você e eu, pensei ser um sonho ruim, mas era bom, eu acho, mas com certeza era bom, eu só sei que acordei, no meio de uma dessas madrugadas, com uma vontade danada de te abraçar e te querer bem, talvez o sonho tenha sido só para me lembrar de você, e, veja só, conseguiu, porque agora, cá estou eu, segurando meu coração na mão de tanta vontade de te ter perto.

    Lembrei que te gosto guria, e escrevi para, apenas, que saiba disso, lembrei que te gosto e não quero nunca esquecer.

domingo, 13 de abril de 2014




 "Minhas vozes, meu veneno."





    Existem vozes dentro de mim que gritam e ensurdecem meus ouvidos, eu sinto o sangue fresco me queimar por dentro e sinto seu gosto amargo na boca, parece veneno, o veneno das minhas entranhas, a saliva grossa e salgada são pedaços do meu fígado que vêm à minha boca e eu os mastigo e os retorno ao meu corpo, eu jamais jogarei a minha podridão envenenada aos outros, eu não sei cuspir as minhas entranhas.

    Meu veneno eu guardo a mim mesmo, mato-me aos poucos, um lento e sangrento suicídio, uma macabra procissão, a estrada da minha própria destruição.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

    
   "Leia-me universo."




    Oi, alguém me ouve!? Ouço silêncio, então olho para mim e para o universo e sinto uma paz que parece tomar meu corpo e se apossa das minhas entranhas, uma paz que somente o universo e a sensação de estar só pode me oferecer, essa paz que me transborda a alma, eu me sinto maior que a mim mesmo, por isso pergunto "alguém aí pode me ouvir? Pode me ler?".

    Tem horas, nessa vida tão grande, tão inconstante, em que buscamos um espaço entre nós, onde o silêncio, o vazio, o oco presente em nossos peitos, é a única coisa que nos consola; onde parece que drogas, bebidas, nada ocupa esse vazio, essa solidão presente em nós; onde é preciso estar só, é preciso sentir nossa dor para assim entendermos a dor do próximo, a dor do outro. Cada pessoa que passa nessa rua, que passa nesse mundo, deixa alguma pegada, por mais infimamente pequena que seja, todos que vêm soma, soma e depois some, é assim nossa lei, formidável mundo cão, não!? 

terça-feira, 8 de abril de 2014




            "99 não é 100."

    99 não é 100, não importa quão insignificante tu achas que és, tua importância é válida, pois tu é parte do conjunto, é parte da obra, o todo só se faz ao todo porque tu também é o todo. Não importa se tu é um executivo de alto cargo ou se tu é catador que está à margem social. Tu faz a diferença, até mesmo tua não ação é uma ação em compasso da ação do outro que beneficia-se da tua inércia, um pequeno passo que tu mira em prol do outro, por menor que seja, tem efeitos, efeitos estes que terminam por geram em outros efeitos, havendo uma série em cadeia de efeitos. Seja a diferença, faça parte todo, porque, assim, como 99 não é 100, o todo não é o mesmo todo sem ti.

quarta-feira, 2 de abril de 2014


  

      "Uma noite pra vida inteira."

    Na mesa, havia cigarros e um copo de uísque meio cheio , eu não sabia ao certo quem eu era dessa vez, tava tudo um tanto meio embaralhado na minha mente, acho que ainda havia vestígios da última noite. Mas como meu corpo foi parar ali?

    Por alguma coincidência do destino eu caí nas minhas próprias teias, era pra ser mais uma noite de sexo, mas havia, era perceptível, algo mais do que só sexo, álcool e cigarros, o sentimento era diferente. Não era amor, essa coisa barata que vejo estampada nas novelas e nos outdoors, não era prazer, o sentimento ia além do orgasmo momentâneo. 

    Ela, de alguma forma, compreendia minha dor, minha solidão, o vazio que eu tinha na alma era igual o que ela tinha, parecia que a sintonia era perfeita, cama e livros, tragos e tristeza, doses e melancolia, sexo e pensamento. Ela era mais uma, mas jamais seria uma a mais. Ela buscava por paz, queria um lugar que só existe nas utopias que são nossos sonhos, enquanto ela tirava sua calça jeans e sua blusa azul parecia, que além do corpo, ela despia sua alma, só para mim, ela tinha o espírito triste, mas o sorriso era radiante. Enquanto eu me entrelaçava em suas pernas fazíamos um elo que ia além do corpo, enquanto eu olhava em seu olhos, parecia que além de sua carne eu penetrava em sua mente.

    Ao final, ela foi embora enquanto eu dormia, assim como eu, ela não gosta de deixar adeus, mas dela eu queria a despedida. Acordei com meu corpo estilhaçado, nu, e rasgado pelas as unhas dela, mas, na imagem que eu via refletida no espelho, eu estava só. Ela deixou seu número, mas não ligarei, não posso destruir o que ficou de bom dela, e no fundo ela sabe disso também, ela é como eu.

    Fiquei só, mas agora sei que meu "estar só" não é só meu.

terça-feira, 1 de abril de 2014


           "Por tudo que queremos."




    E, por vezes, buscamos fugir, ansiamos por um pouco de paz, queremos a retenção do nosso corpo de anos atrás, no tribunal dos injustos requeremos a anistia dos nossos pecados, queremos penas iguais as penas que vemos dançar ao vento, a sentença da felicidade, é o que queremos, mas a prisão de sua busca é o que temos.

    Almejamos o sonho, atiramos com a vida, triste é ela ser arma munida de uma bala só. Queremos cravar nossos passos na areia, mas sabemos que com o tempo, as marés, que vêm e vão, apagam as pegadas da areia, mas elas não destroem os escritos feitos no coração, somos esquecidos ao tempo, mas lembrarão das nossas palavras e dos momentos.

domingo, 30 de março de 2014




 "Só querem nosso sangue."




    Vão apontar o dedo quando passarmos na rua, vão condenar nossos defeitos ao inferno, vão congelar nossas qualidades e as esquecerem em um beco qualquer, vão cravar o punhal em nossos corações.

    Mas meu passado e minha cicatriz são para me fazer lembrar que eu não sou igual os heróis da TV, lembrar que eu sinto dor e sei seguir sangrando, eu não esquecerei do meu peito estilhaçado pelas mentiras que pregaram na minha alma. 

    Eles me traíram, me fizeram pular o carnaval enquanto comemoravam meu funeral, com melodias leves e notas doce me conduzem ao precipício, onde, lá de cima, eu vejo jardins, jardins com rosas avermelhadas, pelo sangue de tantos outros mais, que se deixaram levar pelo hino, pela marcha dos cegos e desgraçados.

    Vão beber nosso sangue, se embebedar do nosso suor, se ocupar de nossos corpos, e depois nos abandonará em qualquer cova, mortos e com frases piegas em nossos epitáfios, e, mesmo assim, depois de tudo, estaremos sorrindo, mostrando nossos falsos dentes.

sábado, 29 de março de 2014





        "Meu papel em meu Teatro."
  


    E quando as cortinas se fecham? Quem era aquele que 
atuava, quais passos te trouxeram até aqui, qual monólogo tu querias falar, algum dia os risos do palco foram teus, alguma daquelas lágrimas vieram da tua dor sincera.

    Quando tu acorda e levanta, o molde sangrento da tua máscara já está exposto ao teu rosto, então suba no teu palco ou na tua existência, no final a gente sempre termina atuando, seja na feira, seja no tribunal, seja na novela, seja ao ler teu jornal, tu dramatizas tua própria tristeza e fantasia teu próprio riso. 

    Nesse segundo sou pássaro a cantar, mas daqui a pouco also voo e estarei em outra dimensão. Agora resta a ti teu papel para me interpretar.

terça-feira, 25 de março de 2014





       "O dia em que ela chegará."


    Já me encantei por tantas gurias, já até amei algumas, pude me atrair por tantos detalhes, os olhos, o jeito, o sorriso, tudo nelas servia de motivo para prender meu peito, mas nunca encontrei aquela que valesse a sentença, aquela pela qual eu pagaria o preço da prisão perpetua. Para falar a verdade eu até até encontrei, mas todas que vieram foram para machucar, para fazer feridas e cortes. 

    Com o tempo, depois de tanta pancada, o coração se acostuma, caleja-se aquilo que era para morrer intacto e inviolável, mas como tudo o que acontece não é como deve ser eu sigo com peito calejado. 

    Espero o dia em que a mais bela guria chegará e ficará, para nunca mais fazer ferida, e acolher, ao lado do seu, meu peito calejado e sangrado. Ela virá, para nunca mais fazer cortes e deixará todas as cicatrizes sumirem ao seu leve toque.



           "Do nada, o tudo que me levastes."





Tu não olhas nos meus olhos, por isso não vê o mar de lama salgada em que me colocastes, tu não enxergas as dores que eu sinto nas madrugadas, onde eu fico sem proteção.

Tu podias bem arrancar meu fígado, meus braços e atirá-los aos abutres que agora me sondam, mas preferiu tirar de mim aquilo que eu mais amava, o motivo pelo qual eu mais lutei, por ti eu tenho amor, mas lhe guardo o ódio mais  ácido que eu poderia conceber a alguém. Tu vetastes-me o direito que eu tinha sobre meu sonho, o ar que me fazia viver.

segunda-feira, 24 de março de 2014



        "A estrada que eu não sou."






    Talvez no fim desse estrada, que eu fui obrigado a percorrer, eu encontre ouro, encontre paz, encontre conhecimento. Mas talvez eu me perca nas contra-mãos que eu tenho que pegar, talvez eu me perca até de mim. 

    A luz, os faróis, tudo aquilo que era para me iluminar agora me cega, me põe inebrio, eu estou correndo, agora a pouco, entre tantos outros, peguei um atalho, entre os outro que peguei, agora não sei se eu chegarei no paraíso ou no precipício.

    No fim das contas, o que conta é eu chegar lúcido, assim a umidade dos meus olhos valerá a sentença.

domingo, 23 de março de 2014




                   
          "Dos poucos é que me faço."


    
    Eu me construo de um nada, desse nada faço muito, faço minha alma, aquela fagulha de fogo que permanece acesa na lamparina, para lembrar, a quem ver, que não importa meu tamanho, eu sou luz e posso clarear.

    Eu construo dos muitos poucos, esses poucos se juntam e fazem de mim esse jogo de cores e diversas faces, essa bossa nesse carnaval. 

    Mas talvez, todos nós somos assim, nos fazemos dos poucos que a vida nos impõe, uns se constroem sem nem ver, outros escolhe, dos poucos, os piores poucos da vida, infelizes se tornam. Se para se fazer de poucos, que sejam os melhores, os sorrisos e as alegrias, a paz e sua sintonia.

domingo, 16 de março de 2014




                 "Por onde andei."

    Andei  caminhando por ruas que eu nem sabia andar, agora eu pago o preço dormindo sob o teto feito de estrelas.

    Eu nao nao quero envelhecer, eu nao quero ir, não quero carregar o peso do futuro, meu herói sempre foi peter pan, mas não consigo me manter na mesma atmosfera.             
Meus escudos estão fracos, minha proteção é meu ataque. Estou sob o céu gritando nas ruas para alguém me salvar.

sábado, 25 de janeiro de 2014

   

''Biografia, auto, do alto.''  


    Há alguns anos, alguns meses e alguns dias nasceria o que viria a ser o maior exemplo de fracasso da humanidade. Aquele que tinha as ideias mais brilhantes que abrilhantaria a mente de alguém, falaria de poesia e filosofia, falaria de honra, de sonhos, cuspiria sobre aqueles que não lutam, que se corrompem ao sistema, bradaria seu ódio sobre os objetos malévolos dessa sociedade de lixo, diria até que era livre, amaria o próximo como nunca amou nem a si mesmo, mas nem ele mesmo pensaria ser pensador do que iria ser. 

    Foi se vendendo aos poucos oferecendo sua alma ao diabo, em troca de um vinho melhor, mas o vinho era barato e o preço muito alto. As correntes que o prendem ao inferno, foram colocadas por ele mesmo, em seu corpo nada habita, além de um resto de fagulha vital, que ali restou somente  para o fazer respirar, seu olhos ardem com as lágrimas que nem caem mais, ele não toca mais seu blues, não ouve mais aquele punk que ouvia em anos de outrora, Cazuza, Renato, Page, Hendrix, Mayer, Clapton, Frejat, seus ídolos foram mortos por ele, seu amor a poesia, se desvencilhou no rastro que os traços do vento do tempo deixou.

    Ele foi o maior exemplo de fracasso, que qualquer humano pode ser. Se vendeu, escolheu os atalhos, mas para felicidade... Ah! Para a felicidade e pro sonho, não existem atalhos, meu caro. Hoje ela ainda vive por aí, um traço sombrio cravado no espírito de cada uma que se deixa levar, que não vai atrás do que quer, naqueles que não impõem o que querem e cedem pelas palavras envenenadas pelos outros, daqueles que se tornaram plateia no palco de suas próprias existências.