sábado, 25 de janeiro de 2014

   

''Biografia, auto, do alto.''  


    Há alguns anos, alguns meses e alguns dias nasceria o que viria a ser o maior exemplo de fracasso da humanidade. Aquele que tinha as ideias mais brilhantes que abrilhantaria a mente de alguém, falaria de poesia e filosofia, falaria de honra, de sonhos, cuspiria sobre aqueles que não lutam, que se corrompem ao sistema, bradaria seu ódio sobre os objetos malévolos dessa sociedade de lixo, diria até que era livre, amaria o próximo como nunca amou nem a si mesmo, mas nem ele mesmo pensaria ser pensador do que iria ser. 

    Foi se vendendo aos poucos oferecendo sua alma ao diabo, em troca de um vinho melhor, mas o vinho era barato e o preço muito alto. As correntes que o prendem ao inferno, foram colocadas por ele mesmo, em seu corpo nada habita, além de um resto de fagulha vital, que ali restou somente  para o fazer respirar, seu olhos ardem com as lágrimas que nem caem mais, ele não toca mais seu blues, não ouve mais aquele punk que ouvia em anos de outrora, Cazuza, Renato, Page, Hendrix, Mayer, Clapton, Frejat, seus ídolos foram mortos por ele, seu amor a poesia, se desvencilhou no rastro que os traços do vento do tempo deixou.

    Ele foi o maior exemplo de fracasso, que qualquer humano pode ser. Se vendeu, escolheu os atalhos, mas para felicidade... Ah! Para a felicidade e pro sonho, não existem atalhos, meu caro. Hoje ela ainda vive por aí, um traço sombrio cravado no espírito de cada uma que se deixa levar, que não vai atrás do que quer, naqueles que não impõem o que querem e cedem pelas palavras envenenadas pelos outros, daqueles que se tornaram plateia no palco de suas próprias existências.