quarta-feira, 2 de abril de 2014


  

      "Uma noite pra vida inteira."

    Na mesa, havia cigarros e um copo de uísque meio cheio , eu não sabia ao certo quem eu era dessa vez, tava tudo um tanto meio embaralhado na minha mente, acho que ainda havia vestígios da última noite. Mas como meu corpo foi parar ali?

    Por alguma coincidência do destino eu caí nas minhas próprias teias, era pra ser mais uma noite de sexo, mas havia, era perceptível, algo mais do que só sexo, álcool e cigarros, o sentimento era diferente. Não era amor, essa coisa barata que vejo estampada nas novelas e nos outdoors, não era prazer, o sentimento ia além do orgasmo momentâneo. 

    Ela, de alguma forma, compreendia minha dor, minha solidão, o vazio que eu tinha na alma era igual o que ela tinha, parecia que a sintonia era perfeita, cama e livros, tragos e tristeza, doses e melancolia, sexo e pensamento. Ela era mais uma, mas jamais seria uma a mais. Ela buscava por paz, queria um lugar que só existe nas utopias que são nossos sonhos, enquanto ela tirava sua calça jeans e sua blusa azul parecia, que além do corpo, ela despia sua alma, só para mim, ela tinha o espírito triste, mas o sorriso era radiante. Enquanto eu me entrelaçava em suas pernas fazíamos um elo que ia além do corpo, enquanto eu olhava em seu olhos, parecia que além de sua carne eu penetrava em sua mente.

    Ao final, ela foi embora enquanto eu dormia, assim como eu, ela não gosta de deixar adeus, mas dela eu queria a despedida. Acordei com meu corpo estilhaçado, nu, e rasgado pelas as unhas dela, mas, na imagem que eu via refletida no espelho, eu estava só. Ela deixou seu número, mas não ligarei, não posso destruir o que ficou de bom dela, e no fundo ela sabe disso também, ela é como eu.

    Fiquei só, mas agora sei que meu "estar só" não é só meu.

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